ABRIMOS NOS DOMINGOS 15 e 22 DEZ.

Aberto de 2ª a Sábado
das 10h às 14h e das 15h30 às 19h30
abrimos à noite para as sessões agendadas

AGENDA

24/04/14

José Saramago: a noite em que a revolução saiu à rua


«Faltam cinco minutos para as onze horas. Paulo de Carvalho canta “E depois do adeus”.»
José Saramago, A noite (1979)
Sempre que o nome de José Saramago é chamado à colação, convocamos de imediato à memória um conjunto de textos compostos no seio do modo narrativo atualizado em forma de romance. Harold Bloom lá terá as suas razões quando afirma, a páginas tantas do que é ser Génio (2002), tratar-se dum «maravilhoso romancista […] um dos últimos titãs de um género em vias de extinção»*. O Memorial do convento (1982) surge à cabeça de todas as obras que o catapultariam para as ribaltas da aldeia global e lhe granjeariam, a seu tempo, os prémios Camões (1995) e Nobel (1998) da literatura. Todavia, o seu contributo para o engrandecimento das letras portuguesas passa ainda pelos trilhos do conto, da crónica, do ensaio, da poesia e do teatro. Em todos os géneros deu cartas e ditou normas indeléveis. 

Fixar-me-ei n’ A noite (1979), uma imitação dramática de vidas vividas há precisamente 40 anos, em 1974, quando a noite de 24 de abril deu lugar à madrugada do 25 de abril. Trata-se duma peça em dois atos, com ação centrada na redação dum jornal da capital, composta a pedido de Luzia Maria Martins e levadas à cena em maio de 1979 pelo Grupo de Teatro de Campolide. O assunto é fácil de imaginar e não requer leituras de entrelinhas. A liberdade de expressão então conquistada dispensa-nos desse exercício quotidiano praticado em 48 anos de meias verdades e de mentiras integrais. Mencionam-se censuras, medos, boatos. Referem-se exames prévios, joguinhos de regime, notícias falsas. Fala-se nas apostas do totobola, discute-se a composição da primeira página, questiona-se a objetividade da informação. Ouve-se o matraquear das máquinas de escrever, dos aparelhos de telex, das rotativas de tipografia. Pela rádio, ressoa a voz de Paulo de Carvalho a cantar a canção vencedora do último festival da RTP e o ranger forte das botas na terra que antecede a voz de José Afonso a proclamar uma terra da fraternidade chamada Grândola, senhas duma revolução tantas vezes ensaiada e outras tantas malograda. Rumores, murmúrios, dúvidas sobre o sucesso da sublevação, sobre a orientação política dos vencedores. 

A representação mimética da morte dum regímen moribundo em cenário jornalístico não será, por certo, o melhor registo artístico dessa antemanhã de mudanças que caraterizam o nosso devir histórico recente. O próprio José Saramago se encarregou de relatar com palavras escritas «um dos mais extraordinários monumentos literários com que fica a contar a nossa ficção pós-25 de Abril». A opinião é de Luís Pacheco e encontra-se documentada na contracapa do Levantado do chão (1980) a que se refere. Uma verdadeira epopeia em prosa do povo alentejano, composta em forma de saga, mas que exibe em pano de fundo a realidade vivida no país, entre os derradeiros estertores da monarquia e os primeiros vagidos da democracia. Dolorosos uns e outros, como costuma ocorrer nestas ocasiões particularmente conturbadas, sobretudo para a arraia-miúda que assiste nos bastidores aos eventos evocados. Acrescentemos-lhe ainda a «Cadeira», o conto inaugural do Objeto quase (1977), a tal que provocara a queda do barão de Santa Comba e abreviaria o caminho em direção aos novos tempos. 

O modo dramático não se dá muito bem com a página de papel para comunicar. Prefere fazê-lo num espaço cénico e com palavras ditas por atores de carne e osso como nós. Só assim a ilusão do real atinge o clímax. Os responsáveis do Teatro da Trindade perceberam esta exigência da arte de Tália e voltaram a dar voz aos profissionais da informação recriados pela ficção. Entre novembro de 2013 e janeiro de 2014, mais de 7000 espetadores terão assistido à representação. Número exíguo de participantes que os condicionalismos empresariais impediram de ampliar. As conversas enquadradas por um 16 de março pretérito e um primeiro de maio vindouro, pontuadas por uma entrevista prevista com o chefe de governo e entremeadas com alusões irónicas aos chefes dos movimentos de libertação colonial, poderão voltar a ser travadas um sem-número de vezes por um sem-número de leitores. A vantagem dos livros reside, justamente, nessa possibilidade de assistir aos espetáculos da vida sem ter de sair de casa. Façamo-lo uma vez mais nós também. O assunto da peça continua atual. A ação iniciada nessa noite de abril ainda está em aberto. A luta entre a direita e a esquerda permanece ativa. O pano de cena erguido dentro e fora do palco da história ainda está por descer. O final feliz por que todos sonhámos ainda está por surgir. Aproveitemos o momento e sigamos em frente. Tempus regit actum, tempus urgit, tempus fugit... 

(*) Harold Bloom, Génio. Os 100 autores mais criativos da história da literatura. Lisboa: Temas & Debates; Ideias, 2014, p. 574.

22/04/14

Sáb., 26 Abril, 16h30: “O Algarve na Revolução”





















Assinalando o 40º aniversário do 25 de Abril, a livraria Leya no Pátio de Letras recebe a apresentação da palestra “O Algarve na Revolução!”, pela historiadora Maria João Raminhos Duarte, no próximo sábado, 26 de Abril, às 16h30.

Tomando como objecto de análise a Revolução de 25 de Abril no Algarve e as movimentações militares na região, a palestra incide sobre uma série de questões: Como se integrou o Algarve nos preparativos revolucionários? Qual a importância do seu contributo? Que personalidades tomaram parte na revolta militar? Qual a atitude das forças da manutenção da ordem pública no Algarve? E quais as expectativas que se colocavam na revolução, para resolver os problemas do Algarve na época?

Na opinião de Maria João Raminhos Duarte, a História da implantação do regime democrático ainda está por fazer, pois o país distante da capital ainda não foi abrangido pela historiografia contemporânea.

“Importa, pois, conhecer o 25 de Abril nos seus mais variados aspectos, nomeadamente a nível regional e local, para tentarmos compreender qual é a importância, nos nossos dias, da sua memória e que inspiração nos dá o seu legado para a construção de projectos futuros.
Aprofundar o conhecimento sobre o 25 de Abril vai para além da História. É, de certa forma, promover um desígnio nacional que faz cumprir a Democracia.
É essa a intenção maior desta apresentação.”

Biografia da palestrante

Maria João Raminhos Duarte nasceu em Moçambique em 1959. É doutorada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Tem publicado “Portimão, industriais conserveiros na 1a metade do séc. XX”, “João Rosa Beatriz. Esboço de uma biografia política”, “José Rodrigues Vitoriano: o ‘operário construído’”; “Presos políticos algarvios em Angra do Heroísmo e no Tarrafal”, e a sua tese de doutoramento “Silves e o Algarve, uma História da Oposição à Ditadura”. É docente da Escola E.B. 2,3 Eng. Nuno Mergulhão, coordenadora do Departamento de Ciências Sociais e Humanas, e professora auxiliar no Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes (ISMAT), em Portimão.

Novidades editoriais















O CHAMADOR
Álvaro Laborinho Lúcio

Na estreia ficcional de Álvaro Laborinho Lúcio, um velho encenador evoca as grandes personagens – quase todas trágicas – que o marcaram dentro e fora de cena, sobre as tábuas do teatro ou no vasto palco da vida.

Quetzal, 16.60€

O ANO DO CÃO
Roderick Nehone

Rivelino d’Antero é um enfermeiro reformado, de 64 anos de idade, que se interna num asilo ao ficar sem meios próprios para se sustentar, depois de ter sido abandonado por Bibí, única filha que lhe restara.

Ulisseia, 14.90€

CORPOS SUBTIS
Norman Rush

Nina e Ned estão a tentar conceber um filho. Em pleno período fértil de Nina, Ned apanha subitamente, e sem aviso, um avião, para comparecer ao funeral de Douglas, um misterioso amigo dos seus tempos de estudante. Nina, furiosa, põe-se a caminho, atrás dele, para poderem ir para a cama no momento certo.

Quetzal, 16.60€

O SEGREDO DO MEU MARIDO
Liane Moriarty

A carta do marido dizia: “Para ler apenas após a minha morte.” Mas ele estava vivo. E escondia um segredo aterrador. Cecilia fica perante uma escolha impossível. Se o segredo do seu marido for revelado, tudo o que construíram será destruído. Mas o silêncio terá um efeito igualmente devastador.

Asa, 17.70€

A PAIXÃO DE SENNA
Rui Pelejão

No dia 1 de maio de 1994, antes da partida para o Grande Prémio de São Marino, Ayrton Senna, referindo-se à perigosíssima curva de Tamburello, dizia: “Ali, se houver um problema, só me resta fazer o sinal da cruz.” Estas terríveis palavras soariam como uma premonição.

Oficina do Livro, 17.50€

O DIA DO FIM
Nicholas Shrady

O grande terramoto de Lisboa levou ao equivalente do século XVIII de um frenesim mediático – e originou o primeiro esforço concertado de preparação para catástrofes, reformas sociais, planeamento urbano e o nascimento da sismologia.

Texto, 14.90€

A TIRANIA DA ESCASSEZ
Sendhil Mullainathan, Eldar Shafir

"A Tirania da Escassez analisa a nossa reacção instintiva aos efeitos que a privação e a austeridade provocam no cérebro – o que por si só torna o livro uma leitura essencial para toda a classe política.” The Guardian

Lua de Papel, 16.60€

A CONFIANÇA NO MUNDO
José Sócrates

A nova edição de “A Confiança no Mundo”, de José Sócrates, inclui um posfácio inédito de Eduardo Lourenço e, na capa, Guantánamo 1, obra de Júlio Pomar. Edição cartonada.

Verbo, 22€

Oferecemos amanhã 23/4 - DIA MUNDIAL DO LIVRO


08/04/14








LÁ FORA, GUIA PARA DESCOBRIR A NATUREZA

Vários

 

Criado com a colaboração de uma equipa de especialistas portugueses, este livro pretende despertar a curiosidade sobre a fauna, a flora e outros aspetos do mundo natural que podem ser observados em Portugal. Inclui também propostas de atividades e muitas ilustrações, para ajudar toda a família a ganhar balanço, sair de casa e descobrir!

Planeta Tangerina, 24.60€

GUIA DA NATUREZA

Terry Jennings


Cheio de informações factuais fascinantes, fotografias espectaculares e actividades manuais, os jovens observadores podem descobrir mais sobre a vida selvagem da sua zona.

Texto, 9.90€

ESTUFA ECOLÓGICA - JOGO CIENTÍFICO


Descobre como se reproduz uma planta, o que afecta o crescimento das plantas, quantas espécies de plantas existem no mundo, quais as plantas mais comuns, como criar as tuas plantas na estufa ecológica e muito mais coisas!

Science4you, 19.99€