ABRIMOS NOS DOMINGOS 15 e 22 DEZ.

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AGENDA

30/03/14

Sáb- 5 Abril, 16h30 - Helena Cabeçadas / EXÌLIOS


 
 
 
 
 
 
 
Helena Cabeçadas há 30 anos, em aguarela do pintor Mário Botas.
 
 
 
 

Helena Cabeçadas nasceu em Lisboa, filha de pais algarvios. A mãe era de Messines e o pai de Loulé, tal como os avós, sendo sobrinha neta do Almirante Mendes Cabeçadas, herói da 1ª República. Ficou assim influenciada culturalmente pelo Sul, pelas suas gentes, pela sua luz, pelos seus sabores. Viveu também em Moçambique.
Mais tarde, já em Lisboa, frequentou os Liceus D. Filipa de Lencastre e Rainha D. Leonor, tendo sido expulsa de todas as escolas do país na sequência das revoltas estudantis contra o regime de Salazar. Foi assim obrigada a exilar-se aos 17 anos, na Bélgica, onde se licenciou em Ciências Sociais e fez uma pós graduação em Psicossociologia na Universidade Livre de Bruxelas.
Mais tarde, já em Portugal, fez o Mestrado em Antropologia Urbana na Universidade Nova de Lisboa.
Permaneceu no exílio durante dez anos, dos 17 aos 27 anos, tendo continuado a participar na luta política antifascista no estrangeiro.
Após o 25 de Abril, exerceu funções docentes em várias Universidades em Lisboa e esteve na formação do Centro de Estudos e Profilaxia da Droga. A partir de 82 trabalhou nos E.U, Macau e Hong Kong. Foi redactora da Revista Europeia “Ítaca”. É autora de dezenas de artigos científicos sobre a temática das drogas e cultura, prevenção das toxicodependências, comunidades terapêuticas e comunicação inter cultural.

«Entrar pela primeira vez na Universidade Livre de Bruxelas foi, para mim, uma experiência exaltante. Por todo o lado havia bancadas com livros, panfletos e bandeiras das mais diversas e opostas opções ideológicas: socialistas, comunistas, anarquistas, liberais, maoístas, dos movimentos pacifistas contra a guerra do Vietname, pela libertação dos povos colonizados, de apoio à revolução cubana, aos movimentos de defesa dos direitos cívicos, do Black Power... As bandeiras negras e vermelhas agitavam-se alegremente ao som das músicas revolucionárias, como a Internacional ou as canções de protesto francesas e anglo saxónicas. Para alguém que, como eu, vinha de um país submetido a uma longa ditadura, no qual toda a diversidade de pensamento era excluída e ferozmente perseguida, foi uma revelação, uma maravilha! (...) Apesar de me considerar comunista na altura, fiquei encantada com a coexistência democrática e livre das diferentes opções ideológicas. A possibilidade de ler e discutir em liberdade os mais diversos textos políticos e filosóficos foi uma sensação fantástica e que me fez sentir, literalmente, asas nos pés.»

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